segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Kimbor, o meteoro amigo

Trazido do espaço por Ciro M. Costa


Jôni Dezimbors tinha uma vida normal, assim como você que está lendo essa crônica agora. Morava com seus pais, tinha um emprego de auxiliar de tráfego, fazia curso técnico de contabilidade em uma escola municipal, tinha amigos, tinha amigas, tinha ex-namorada, tinha um cachorro, tinha uma caneta Bic... enfim, uma vida básica. Bem, alguns de vocês podem até dizer que não têm uma vida tão normal assim. Mas garanto que a vida de nenhum de vocês ficará anormal algum dia, assim como ficou a de Jôni a partir daquela manhã de segunda-feira...
Jôni ainda estava dormindo. Faltavam alguns minutos para o seu relógio-despertador apitar, mas algo o acordou antes. Um barulho ensurdecedor. Jôni acordou assustado e viu que havia um buraco no teto.
E um meteoro no chão, onde um dia havia estado o seu guarda-roupas.
- Minha Nossa Senhora Meu Deus do Céu!!! – Ele disse. – Um meteoro!! Um meteoro caiu no meu quarto!!!!
Jôni levantou-se e se aproximou do meteoro. Ainda estava um pouco quente e havia muita fumaça.
- O pessoal da firma não vai acreditar nisso!!!
Então, o meteoro disse:
- Olá amigo! Meu nome é Kimbor!
- Ah tá. Então você fala.
- Falo sim!
- Já vi tudo.
- E você? Como se chama?
- Jôni.
- Prazer, Jôni! Acho que vamos ser grandes amigos!
- Certo.
- Puxa vida, fiz uma viagem muito longa até aqui.
- Sei...
- Sabe, eu vim de muito, muito longe!
- Aham... Aqui, “Kimbor”, será que você pode me dar licença um instante?
- Claro que sim!
- É só por um minuto.
Jôni foi até a parede de seu quarto e a empurrou. Entrou em uma sala onde havia uma bela secretária ao telefone. Disse-lhe “bom dia” e foi entrando em outra sala, onde um homem assinava alguns papéis.
- Olá Jôni! – Disse o homem, assim que o viu. – Sabe, não é recomendado ficar fazendo isso.
- Ah claro! – Disse Jôni, nada satisfeito. – Mas é recomendado colocar meteoros falantes no programa? Que droga é essa???
- Calma, rapaz! A audiência estava caindo! A gente precisava chamar a atenção!
- E a única solução que você achou foi um meteoro que fala????
- Na verdade, parecia ser uma idéia bem original!
- Original, né? Quero falar com os roteiristas agora!!
- Calma, Jôni! Essas coisas não se resolvem assim! Os produtores já concordaram! Aliás, tivemos que despedir os antigos roteiristas, pois as histórias estavam muito fracas!
- E daí que estavam fracas? Eu gostava da vida que tinha!
- Sim, mas isso não atraía o público! A audiência havia caído 49 pontos! Sabe o que é isso?
- Oras, se querem aumentar a audiência, coloquem mulheres bonitas e atraentes no programa! Coloquem tiros e explosões!!! O público ia gostar! E eu também!
- O horário não é recomendado, Jôni! Nós já conversamos sobre isso antes.
- Que droga! Eu vou sair dessa série!
- Você não pode! Seu contrato é válido por dois anos. Já conversamos sobre isso também!
- Então vou ter que aceitar o tal do meteoro?
- Infelizmente sim! Sinto muito.
- Humpf!!!
- Agora, volte pra lá e faça seu trabalho!
- Está bem! Mas isso não vai ficar assim!
Jôni voltou para seu quarto e colocou a parede no lugar.
- Puxa vida, amigo! – Disse o meteoro. – Você sumiu! Fiquei preocupado!
- Tive que resolver uns probleminhas. Então, do que você é feito? De plástico?
- Não, sou um meteoro vindo do espaço. Não posso ser feito de plástico.
- Sei... e quem dubla sua voz?
- Hein?
- E essa fumaça? Que efeito é esse?
- Do que você está falando?
- De nada, Kimbor! De nada. Humpf! Eu devia ter sido garoto-propaganda de palha de aço!
- O que é palha de aço, amiguinho?


JÔNI DEZIMBORS TINHA UMA VIDA NORMAL, MAS ELA MUDOU TOTALMENTE, DEPOIS QUE ELE CHEGOU...
KIMBOR, O METEORO AMIGO!!!
TODAS AS QUARTAS, NA TV C?RO!

CARNAVAL NA TV C?RO. AQUI, VOCÊ NÃO VAI VER!

sexta-feira, 9 de março de 2012

TV C?RO: JONNIE RÁRDI, A LEGENDA!!!!


Trazido ao presente por Ciro M. Costa


                O programa que vocês verão a seguir foi feito em um futuro, não muito distante. Ele foi escrito e produzido pelos jovens dos dias atuais,  e é uma conseqüência da educação de hoje e da influência da linguagem 'internética'...

                TV C?RO e você, nada a ver! Apresenta... com o apoio das Balinhas Brokotinhas (aquelas que queimam na boca como o inferno!)...

JONNIE RÁRDI, A LEGENDA!!!!

                O herói Jonnie Rárdi e seu assistente, o poderoso Carrapato Bérby, haviam decidido descer às profundezas do esconderijo de seu maior inimigo, o Duas-Falas. No entanto, eles parecem perdidos lá dentro...
                - 'Pêlas' barbas de Netuno, Jonnie! Agora a gente não escapa mais 'déça'!
                - Não se preocupe, Bérby! Sempre há uma maneira de heróis escaparem de esconderijos de seus inimigos. Mas, é provável que Duas-Falas já saiba que estamos aqui!
             - 'Mais', Jonnie! 'Ce' ele sabe que estamos aqui, com 'certesa' está nos preparando uma armadilha!
                - Sim, percebo isso. Mas qual será esse tipo de armadilha? Até agora nem os capangas dele apareceram!
                - Dizem que ele despediu os capangas e eles o levaram no pau, por não ter pago 'çeus' direitos trabalhistas. Ele está enrolado com as 'ressizões'.
                - Diga-me, Bérby, onde foi que aprendeu a falar e escrever?
                - 'Num' sei! Sou um carrapato, não sei onde 'ce' aprende essas coisas! Estou apenas falando o que está no 'iscrípite'. 'Porque' 'voçê' está me perguntando isso?
                - Rapaz, cada fala sua é um martírio. Acho melhor você ficar caladinho mesmo.
                - 'Voçe' 'qui' manda, Jonnie!
                - Ui...
                De repente, Jonnie e seu assistente caíram em um buraco. Era um poço cheio de lama, e lá enfrentaram o fiel servo de Duas-Falas, o maligno Cão DoHell. Conseguiram derrotá-lo como das outras vezes: Bérby usou seus dons carrapatícios e pulou no cachorro, chupando-lhe o sangue e lhe causando coceira, enquanto Jonnie atirava seu famoso Raio Raiado.
                - Caim, caim, caim... - e lá se foi DoHell, chorando como um cão chorão.
                - Bom 'trabalio', Jonnie!
                - Tá, não precisa agradecer! Você também se saiu muito bem!
                - Obrigado! Mas 'voçe' é o 'erói' 'aki'!
                - Pra agüentar esse seu vocabulário, tenho ser realmente!
                Encontraram uma passagem secreta e escaparam do poço de lama.
                - Até que enfim! Aquele 'posso' me 'deichou' todo sujo! - blasfemou Bérby.
                Encontraram pela frente um corredor enorme. "Talvez Duas-Falas esteja no fim dele, nos esperando com outra armadilha", pensou Jonnie.
                - Jonnie, me diga uma 'coiza', 'çempre' tive uma dúvida...
                "Céus, esse carrapato não cala a boca mesmo!" - O que foi, Bérby?
                - 'Porquê' deram o nome a 'voçe' de Jonnie Legenda? O que tem 'haver'?
                - Aparentemente, alguém confundiu as coisas. "Legend" significa "Lenda" em inglês, e alguém se deixou levar por um falso cognato.
                - Hein? "Qué isso'?
                - Deixa quieto, carrapato! Com certeza, nem quem escreveu essa série sabe o que isso significa! Personagens de história deveriam ter o direito de escolher seus roteiristas! E pra piorar, meu nome deveria ser 'Hard', e não do jeito que está escrito. Sinceramente, não mereço isso!
                - É 'iço' mesmo, Jonnie! É duro, 'mais' eu concordo com 'voçe'.
                "Também deveríamos escolher os assistentes... por que não me mandaram o Catatau? Ou então o gato Mimi das cartilhas infantis?" - pensou Jonnie, consigo mesmo.
                - VOCÊS PAGARÃO CARO POR ISSO!!! - era Duas-Falas quem aparecia de repente.
                - Duas-Falas! Então resolveu aparecer!!
                - Vocês pagarão caro por isso! Eu vou conquistar o mundo!
                - Nunca permitirei!
                - Vocês pagarão caro por isso!
                - É o que vamos ver!
                - Eu vou conquistar o mundo!
                - Jamais!
                - Eu vou conquistar o mundo!
                - Não vai não!
                - Vocês pagarão caro por isso!
                - Não...
                - Eu vou conquistar o mundo!
                - Er... Não...
                - Vocês pagarão caro por isso!!!
                - Não, não...
                - Eu vou conquistar o mundo!!!
                - Pode parar.
                - Eu vou conquistar o mundo!
                - 'Axo' que já deu pra entender!
                - Olha, eu acho melhor vocês dois calarem a boca!
                - 'Queisso', Jonnie? Que 'istrésse' é 'êsse'?
                - Vocês pagarão caro por isso!!! Eu vou conquistar o mundo!!!
                - E 'voçe' aí, 'deiche' disso! Para 'cum' essa 'repetissão'.
                - Eu vou conquistar o mundo!!
                - Conquistar com o 'q'? O mundo não é de ninguém 'çabia'?
                - Eu vou conquistar o mundo!!!
                - Pra 'iço', primeiro 'voçe' precisa conquistar as pessoas de todas as 'nassões'.
                - Eu vou conquistar o mundo!
                - Ih, não vai ser  'fássil' não, viu?
                - Vocês pagarão caro por isso!
                - Pagar o 'q', meu 'xapa'? Não te devemos nada!
                - Vocês pagarão caro por isso!!!
                - Tá, fala 'intão' 'cuanto' que é!? Devo ter 'aki' alguns trocados.
                - Vocês pagarão caro por isso!
                - 'Intão' fala o valor, ué!? Pode 'cer' em moedas?
                - Eu vou conquistar o mundo!!
                - Aceita 'xeque'?
                - Vocês pagarão caro por isso!!
                - Olha, isso já está me 'canssando'. Não é Jonnie? Jonnie? Cadê você? Xi... ele já foi 'enbora'.
                - Vocês pagarão caro por isso! Eu vou conquistar o mundo!!
                - 'Rapaiz' e 'voçe' com 'issu', hein? Não se 'canssa' também?
                - Eu vou conquistar o mundo!
                - Ei, 'çabe' que eu até gostei de 'voçe'?
                - Vocês pagarão caro por isso!
                - Pelo menos 'voçe' não fica me 'corigindo'. 'Pressiza' de 'acistente'?
                - Eu vou conquistar o mundo!
                - 'Çabe' que eu não estou me 'çentindo' muito bem?
                - Vocês pagarão caro por isso!
                - Ei, o que tinha no sangue do 'ceu' 'caxorro'? 'Voçe' deu 'Frontiláine' pra ele?
                - Eu vou conquistar o mundo!
                - Por favor, 'xame' uma 'ambulânssia'!
                - VOCÊS PAGARÃO CARO POR ISSO!!!!!

Não perca a próxima aventura de JONNIE RÁRDI, A LEGENDA!!!! TODAS AS QUARTAS-FEIRAS, DEPOIS DE "AUTO-ESCOLA DA MÚSICA"!

Só aqui, na TV C?RO!!!
(Só 'si' 'noço' herói voltar...)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Vale a pena ler de novo - It´s a Big Trouble Rumble in Paradise

Naufragado por Ciro M. Costa



Vangoberto achava que sua vida era uma merda. Mal sabia ele que estava enganado! Sua vida REALMENTE ficou uma merda quando ele foi parar em uma ilha deserta com duas mulheres: sua ex-namorada e sua atual sogra!!ESTÁ NO AR: “IT´S A BIG TROUBLE RUMBLE IN PARADISE”!!!


Depois de mais de um mês sem ter um sinal do resgate, Vangoberto Jansey, Sarah Guimbors (sua ex-namorada) e Marikota Denvers (sua sogra) resolveram construir um abrigo.
- Vangoberto, seu cretino! Espero que saiba que terá que ficar com o trabalho mais pesado, já que é o único homem aqui! - disse a sogra.
- É isso mesmo! – disse Sarah. – Vamos ver se você presta para alguma coisa!
- Está bem, está bem! – disse Vangoberto. – Só não fiquem me infernizando!!
Então o jovem Vangoberto foi até à margem, a fim de cortar algumas palmeiras para conseguir madeira. Usando de sua criatividade e destreza, pegou alguns pedaços do navio que afundou e fez uma espécie de machado. Sarah estava ali por perto, recolhendo cipós.
- Vangoberto, seu estúpido! – gritou Marikota, de longe. – Estou de olho em vocês dois! Uma só recaída e conto pra minha filha quando voltarmos à civilização!
- Não se preocupe, D. Marikota! Eu sou um homem fiel!
- É o que todos os cafajestes dizem!
- E você ainda reclamava da mamãe! – disse Sarah. – Essa daí é bem pior! Cada hora ela te xinga de um nome diferente!
- Tem razão! – disse Vangoberto. – Mas sou noivo da filha dela, não dela! Quanto à você, era bem pior do que sua mãe e minha atual sogra juntas!
- E por quê?
- Oras, pra começar, você nunca estava satisfeita com nada que eu fazia!
- Mas é claro! Você nunca sabia o que fazer! Era um perdido! E agora está perdido nessa ilha também!
- Certo. Me parece que você também está perdida aqui!
- É! Mas estaríamos em casa agora, se você não tivesse afundado o nosso bote salva-vidas!
- Eu não afundei nada! Você é que começou a brigar comigo e o furou com sua unha!
- Mas a culpa foi sua!
- Bah! Nem vou discutir! Mas saiba você que eu sempre sei o que fazer, seja a situação complicada que for!
- Ah é? Então me conte uma situação complicada em que você teve que saber o que fazer!
- Pois bem! Houve uma vez em que eu estava sozinho em casa. Já era de madrugada, quando o interfone tocou. Eu não ia atender, mas a pessoa do lado de fora insistiu tanto, que tive que me levantar. Peguei o interfone, perguntei quem era, e a pessoa disse: “Venha aqui fora, e descobrirá!”. Eu que não sou bobo de sair de casa de madrugada assim, peguei uma faca e fui. Chegando lá fora, não tinha ninguém! Olhei na esquina e nada. Então, quando eu ia entrar em casa novamente, escutei a voz no interfone dizendo: “Vangoberto! Eu estou aqui dentro”!
- Cruzes!!! E você não ficou com medo?
- Um pouco. Então, entrei em casa novamente, com todo cuidado. Olhei nos cômodos, mas não achei ninguém.
- E o que você fez?
- Fui dormir novamente.
- O quê??? Dormir???
- Claro! O que você faria no meu lugar?
- Eu sei lá!
- Tá vendo? Você nem saberia o que fazer. Eu soube. Simplesmente fui dormir!
- Céus, como você é idiota, Vangoberto!
- Ah claro! Já está querendo discutir!
- Não estou discutindo!
- Então está brigando!
- NÃO ESTOU BRIGANDO!!!!
- Certo. Daqui a pouco vai bancar a dona da razão!
- Mas eu não...
- Ah, vai negar agora??
- Só estou dizendo o que penso!!!
- E você pensa que sou um merda!
- Eu não disse isso!
- Mas pensou!
- Não pensei!
- Já está negando de novo?
- Ora seu...
Sarah pulou em Vangoberto e ambos começaram a trocar tapas. Se bem que Vangoberto não era covarde, então só apanhou.
- MAS QUE PORRA É ESSA, VANGOBERTO? TRAINDO MINHA FILHA? – gritou Marikota.
- Não é nada disso! Não vê que estou apanhando?
- Pois então! Só minha filha pode te bater! Ou ela, ou eu!
- Aaaargh!! Vocês são malucas! E isso aqui é o inferno!!! – e Vangoberto se afastou por durante toda a tarde.
A noite caiu, as estrelas brilhavam, o mar batia na praia, os vaga-lumes dançavam no ar alegremente... e Vangoberto dormia. Dormia um sono profundo, um sono gostoso... abraçado com Sarah e Marikota, que aqueciam um ao outro...

NÃO PERCAM O PRÓXIMO EPISÓDIO, ONDE VANGOBERTO DESCOBRE MAIS DUAS PESSOAS NA ILHA!!!!.
SEU CHEFE...
- Vangoberto, seu paspalhão! Então você está aqui? Já fez os relatórios?

E MARGARÉTI, SUA PRIMA BURRA (TOTALMENTE CLICHÊ)...
- Vermelho pra mim é a cor mais bonita do alfabeto!
IT´S A BIG TROUBLE RUMBLE IN PARADISE - Todas as sextas, na TV C?RO.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Última Batalha Acima das Nuvens


Inspirado em imagem formada por nuvens, vista por Ciro M. Costa



A seguinte história foi contada pela mestra Dayka Nikki ao guerreiro Matso Hatso, pouco antes deste último sair em busca de suas próprias lágrimas...
"As batalhas acima das nuvens aconteceram há muito tempo atrás, em época bem antes de se inventarem as mitologias. Mas a história a seguir não é nenhum mito. Em um lugar inacessível, acima das nuvens, existiram vilarejos e pessoas como nós. E no meio disso tudo, dois gigantes chamados Cesarte e Fanzuh.
Ninguém nunca soube de onde eles surgiram e porque estavam sempre em guerra. Cesarte, guerreiro em sua armadura e seu cavalo, sempre respondendo pela ordem e pela justiça. E Fanzuh, criatura símia e abominável, acusada de destruir vilarejos e matar pessoas inocentes. Felizmente, para os mais fracos, Cesarte parecia dedicar sua vida à defendê-los sempre que possível. Muitas vezes o mesmo teve dificuldades e já muito foi jurado que desistiria de sua função, mas isso nunca aconteceu.
Cesarte também nunca falhou, quando se tratava de derrotar Fanzuh. Sempre que este último era avistado por algum vilarejo, lá estava o guerreiro para lutar e derrotar o chamado 'gorila gigante'. Casas eram destruídas e pessoas eram mortas no meio das batalhas, mas Fanzuh era sempre derrotado. Derrotado, para mais tarde retornar e outras batalhas recomeçarem.
É certo que muitos se perguntavam por que Fanzuh nunca fora morto por Cesarte. Se o monstro assim o fosse, a paz reinaria no reino dos céus. Teria, afinal, algum dia, um fim?
Tal pergunta talvez fosse respondida, naquele dia, em que Fanzuh convocou Cesarte para uma última batalha. No começo Cesarte achou estranho e até relutou um pouco, mas pressionado pelos aldeões de vários lugares, preparou-se e compareceu ao local.
À beira de uma nuvem, Fanzuh lá estava, aguardando pacientemente o guerreiro. Mas o mais estranho de tudo, era o posicionamento do monstro. O mesmo estava bem na borda da nuvem, de tal forma que se desse um passo em falso, cairia dela e sua morte seria certa. Vendo isso, Cesarte redobrou seu cuidado, pois obviamente se tratava de algum tipo de armadilha.
- Sabia que demoraria, mas que cedo ou tarde viria. - disse Fanzuh, pacientemente.
- Criatura diabólica, o que quer afinal? - perguntou Cesarte com fúria nos olhos, e seu cavalo parecia compartilhar do mesmo sentimento.
- Se dissesse a você que apenas quero conversar pela última vez, você acreditaria?
- E desde quando fazemos isso?
- Que me lembre, nunca tivemos tempo pra isso.
- Claro, você só tem tempo de aterrorizar pessoas e destruir casas. Mas acho que já está na hora de acabar com isso. Relutei muito, mas creio que já é hora de matar você, Fanzuh.
- E posso perguntar por que relutou, se era algo óbvio a se fazer?
- Por que não achava justo acabar com um ser bestial como você. Talvez você nunca tivesse culpa de ser assim, só estava agindo por instinto. Infelizmente, um instinto assassino.
- Interessante você falar desse jeito. Faz realmente muito sentido. Mas, é claro, ambos sabemos que está mentindo.
- O quê? Como ousa...
- Você é tão assassino quanto eu. Ou vai dizer que não sabia que vidas estavam sendo tiradas enquanto batalhávamos 'bestialmente'? Quantas vezes me derrubou no chão, provocando destruição em vilarejos inocentes?
- Foi preciso! Eu tinha que deter você, sua ameaça...
- Acho que combater uma ameaça, sendo mais inteligente que ela, o torna tão bestial quanto ela. Já reparou que nunca cheguei a invadir realmente uma vilarejo?
- Como não??? Está mais insano do que é??
- Sempre estive passando pelos arredores, mas no final era praticamente arremessado nas casas por você, Cesarte. Na verdade, nunca ameacei ninguém. Você e todas essas pessoas é que acabavam me julgando pelas aparências.
Cesarte não respondeu. Parecia pensar. Não queria, mas tinha que dar um pouco de razão ao monstro.
- Já pensou se o grande vilão não era o tempo todo, você? - perguntou Fanzuh.
- Oras, não seja ridículo, símio insolente! Se era tão inocente assim, por que nunca me disse nada? Por que sempre concordou em batalhar comigo e destruir todos esses lares??
- Porque sempre tive raiva de você, guerreiro! Foi aí que eu errei. Me deixei levar pelas emoções, e lá estava eu tentando te matar. Mas reconheço isso, não se preocupe. Foi pra isso que o chamei aqui hoje. - dito isso, Fanzuh deu um meio passo pra trás, como se ameaçasse cair propositalmente pela nuvem.
- Mas que tipo de armação é essa? - perguntou Cesarte, apontando sua espada. - Seja o que for, não serei idiota de...
- Não, Cesarte! Isso é realmente o que está parecendo. Estou a ponto de acabar com nossos problemas.
- Você não teria coragem!
- É aí que se engana. Tenho mais coragem do que imagina. Coragem suficiente para admitir meus erros e pedir perdão para a humanidade. Acabando com minha própria vida, darei uma oportunidade a essas pessoas de um novo modo de pensar.
- Nunca ouvi nada tão absurdo em toda a minha existência!
- Sim, absurdo. Mas também necessário. Adeus, Cesarte! Boa sorte em vida!
E assim, o símio gigantesco, com amenidade nos olhos e leveza no coração, deu mais um passo pra trás e teve sua histórica queda e morte. Tal feito teria sido relatado por um homem que presenciara tudo, e mais tarde teria contado ao seu rei.
Quanto à Cesarte, permaneceu ali, imóvel. Sabia sim, que no fundo, aquilo não era nada bom. Ele que sempre se julgara justo, agora não se sentia assim. E assim como se sentia necessário à humanidade, agora também se sentia o contrário. Afinal, com quem agora batalharia? Como viver em um mundo em que se era o único titã ainda vivo?
- Maldito Fanzuh! Não é justo que tenha feito isso!! Maldito!!!
Diz-se que dias depois Cesarte matou seu próprio cavalo, e em seguida se matou, deixando dúvidas acima das nuvens se era herói ou vilão (uma vez que a morte do suicídio de Fanzuh já havia se espalhado).
Quanto à Fanzuh, seu corpo caiu na terra, vindo a ser enterrado pelas forças da natureza. Anos depois, no local de seu descanso, surgiram da terra os primeiros animais símios. Estes últimos, seres que eram semelhantes aos seres humanos, para nos lembrar que, apesar das aparências, outros seres podem ser tão heróis ou vilões como nós."

sábado, 26 de novembro de 2011

O Diário de Ciro - página 1.328

Das páginas do diário que Ciro M. Costa deveria ter escrito


É importante comunicar primeiramente ao leitor que essa história já foi publicada aqui no blog sob outro título. Mas resolvi colocar novamente como parte de meu diário, pois o mesmo nunca seria completo sem esse episódio em minha vida. Portanto, se não quer ler de novo, aguarde o próximo post. É importante dizer também que a história é verídica, e os nomes foram trocados para preservar a identidade dos mesmos. Porque se eu colocasse seus nomes reais, provavelmente eles teriam que trocar de RG...
Sabe, eu simplesmente odiava alguém fazia aquilo com o carro (e ainda odeio). Não que não fosse divertido, mas eu sabia que um dia ia dar merda. Eu sabia. E deu mesmo. Se todas as merdas que o primo Breno fazia virassem bosta de verdade, com certeza aquela seria uma boa hora de dar a descarga. Nosso bom e velho amigo, "Breno Top Gear"...
Aquele havia sido um dia cheio. Sabe aqueles dias onde acontece de tudo? Toda hora surge um problema e parece que seu cérebro não vai ter sossego enquanto não chegar a hora de dormir? Pois esse era um dia daqueles. E parece que quanto mais coisas acontecem, mais coisas acontecem. E aquele acontecimento foi um grande acontecido, pois eu nunca imaginei que acontecesse o que aconteceu e nem o que aconteceria depois de acontecer. Mas acontece que aconteceu.
Naquele dia, eu precisava buscar um terno na casa de meu irmão. Era o dia de nossa missa de formatura e eu ainda não havia alugado roupa nenhuma. Estive na casa do primo Breno Top Gear para acertar alguns detalhes da festa e comentei sobre o tal terno.
- Eu te levo lá! – disse Breno Gear prontamente.
Achei uma boa idéia, afinal, eu não tinha carro na época. Sem ter o que fazer, o primo Fábio (irmão do primo Top, conhecido como o ‘Químico Jóinha’) também nos acompanhou.
Então fomos os três no carro. Naqueles tempos, meu irmão morava em um condomínio perto da universidade, então tivemos que atravessar um trecho ‘cabuloso’ da cidade pra chegar lá. Um trecho onde uma perigosa descida terminava, dando início a uma perigosa subida. E, o mais engraçado de tudo, é que era a mesma coisa pra voltar! Já pensaram nisso? Se você vai a um lugar onde tem uma descida primeiro, depois uma subida... vai ser a mesma coisa quando voltar! Não é demais?
Bom, o caso é que, quando voltamos, Top Breno veio acelerando na descida. Ele era seguro de si. Veio ‘no gás’ e, no meio do caminho, um moleque atravessou a rua. Bom, na verdade, ele já havia atravessado, mas primo Gear, em um gesto de pura sacanagem (de leve, só pra arrancar umas risadinhas da galera) virou o volante pro lado do menino, e novamente virou pra rua. Um erro fatal.
Amigos e amigas, o que veio depois pareceram horas, mas aconteceram em segundos. O carro saiu totalmente de controle, vindo a ‘patinar’ pela pista. Esquerda, direita, esquerda, direita... e o Gear Breno não conseguia controlá-lo. Virar? Frear? Acelerar? Foi tudo muito rápido pra que ele raciocinasse. De todas as 'costuras' com o carro, acho que aquela foi a menos divertida que ele fez em toda a sua vida. Eu, sentado no banco da frente, apenas tive tempo de falar:
- Filhããão...
Químico Jóinha, que estava no banco de trás, apenas se segurou no banco. Pois uma coisa nós 3 tínhamos certeza: o carro ia bater. Só não sabíamos onde.
Mas descobrimos rápido. Assim que viu uma casa com um muro pra lá de vagabundo, o carro entrou com tudo. CATRRAAAAASH!!!! Era o fim da linha. Game Over, Top Gear!
Ainda me lembro nitidamente da cena do muro se desmaterializando na nossa frente. Parecia coisa de cinema. O muro deu lugar à imagem de uma porta aberta e uma senhora em uma cadeira de rodas que, junto com a família, assistia à TV na hora do almoço. Imagine, você está em sua casa com a família, assistindo Globo Esporte, quando, de repente, você é surpreendido por um carro batendo e destruindo seu muro. Não deve ser legal.
A dona da casa, uma senhora de seus 76 anos e 5 meses veio nos acudir. Lembro-me do Químico Jóinha dizendo:
- Calma, Gear Breno! Vamos resolver tudo.
Sim, resolveram mesmo, como as coisas devem ser resolvidas sob olhares de vizinhos curiosos: discussões, orçamentos, polícia, bombeiros, guincho... eu sei que a coisa toda ficou tão cara, que Breno Top e Fábio Químico tiveram que gastar todo o dinheiro do acerto (ambos haviam acabado de sair de duas empresas, tendo recebido uma boa grana).
Felizmente, ninguém se machucou naquele dia (com exceção do muro, que morreu esquartejado). Mas as pessoas daquela rua devem comentar o fato até hoje. Não é algo que acontece todos os dias. Ou é?
Mas o mais engraçado disso tudo, era a cadeira de rodas. Ela ficou lá sozinha, na porta da casa, terminando de assistir o Globo Esporte. E a senhora antes sentada nela, estava ali, em pé, diante de nós, somando todos os prejuízos.
Deve ter sido mesmo um grande susto...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Uma Aventura das Arábias!!!

Trazido por Ciro M. Costa, originalmente publicada no blog ‘Faleciro’



Há muitos e muitos anos atrás, dois amigos (Tiárlie e Diônatam) saíram super empolgados para procurar novas aventuras ao redor do mundo. Sim, pois isso é que é o emocionante de estar vivo: procurar por novas aventuras! E aqueles dois sabiam muito bem disso! Rá! E como sabiam!
Além de tudo, nossos amigos sabiam também onde procurar essas novas aventuras...
- Ei, Tiárlie! Já chegamos no deserto!
- Uau, Diônatam!! Então vamos viver uma grande aventura de verdade?
- É claro que sim! E será uma aventura das Arábias!
- Céus! Uma aventura das Arábias! E o que estamos esperando??
- Uhúúú!!
E foram à procura de uma nova aventura.

Foram dias de muita correria e aventuras no deserto. Corridas com camelos, lutas de espadas, resgates de odaliscas seqüestradas, tempestades de areia... tudo o que exige uma boa “aventura das Arábias”.
- Uau! Estou adorando essas aventuras das Arábias, Tiárlie!
- Eu também, Diônatam! Ei! Que tal vivermos outra aventura?
- Depende! É uma aventura das Arábias?
- É claro que sim!
- Então, conte comigo!!!
E lá se foram novamente.
- Uau! Veja aquilo, Diônatam! Parece um sultão!
- Estou vendo, Tiárlie, e onde há sultões...
- ...HÁ UMA AVENTURA DAS ARÁBIAS!!! – Disseram, em uníssono.
Assim que se aproximaram do sultão, este logo saiu correndo, deixando suas coisas caírem no chão. Com certeza, era mais um daqueles sultões covardes que estamos acostumados a ver pelas ruas todos os dias. Nada de novidade.
- Droga! – Lamentou Tiárlie. – Perdemos uma bela aventura das Arábias agora!
- É verdade! Mas como íamos adivinhar que era apenas mais um sultão covarde?
- Tem razão! Ei, veja! Ele deixou cair algo!
- Sim! Parece ser uma... uma lâmpada mágica!
- Rá! Aventuras das Arábias, aí vamos nós!!!!
Tiárlie pegou a lâmpada e a esfregou. Como já é batido nessas histórias, um gênio apareceu.
- Vocês têm direito à 3 desejos! – Disse o gênio.
Novamente, em uníssono, Diônatam e Tiárlie disseram:
- QUEREMOS VIVER 3 AVENTURAS!!!
- Uma aventura das Arábias? – Perguntou o gênio.
- ISSO MESMO!!!
- Uau! Posso ir com vocês??
- É CLARO QUE SIM!!!
- Uhúúúú!!!
E lá se foram os três, viver mais fantásticas e inesquecíveis aventuras das Arábias. Nada era o limite para eles! Suas aventuras eram tão empolgantes que mais e mais pessoas foram se juntando ao grupo. Criaram até um grito de guerra:
- AVENTURA DAS ARÁBIAS, HAI HOU!!!
E lá iam viver outra aventura.

Os anos se passaram e, como todo mundo, Diônatam e Tiárlie ficaram velhos. Velhos, mas não cansados.
- Diônatam! Estamos velhos! O que vamos fazer?
- Oras, Tiárlie! Continuar com nossas aventuras!
- Como?
- Eu já lhe mostro! Ei! Gênio da lâmpada! Pode nos fazer ficar novos novamente?
- Depende. – disse o gênio – Vamos continuar com nossas aventuras das Arábias?
- É claro que sim!
- Então, novos vocês vão ficar!
ZZZZZAAAAAAPPP!!!!
E novamente começaram as aventuras das Arábias! Uma nova era, um novo tempo os aguardava! E aquilo estava ficando cada vez mais emocionante! Era sempre uma aventura das Arábias diferente, a cada dia. Qualquer um no mundo adoraria estar naquele grupo. Bobo de quem os via e não se juntava a eles. Viver uma aventura das Arábias é que é vida!!! Uau!!! Querem saber?? Eu também estou indo nessa!!! Tchau para vocês!! Eu vou viver uma AVENTURA DAS ARÁBIAS!!!! Diônatam! Tiárlie!! Esperem por mim!!!!


ELE É MAIS SABOROSO!!
ELE TE DEIXA MAIS EMPOLGADO!
SEU EFEITO DURA BEM MAIS DO QUE OS OUTROS!

ENERGÉTICO POWER TOWER!!!! O ENERGÉTICO DOS AVENTUREIROS!




sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O caso da Página 140

Continuação de “O caso da Página 139”, também de Ciro M. Costa



- NÃO!! NÃÃO!! NÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!! PELO AMOR DE DEUS!!!!!! ALGUÉM NOS AJUDE!!!!! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOO!!! AAAAAAAAAHHH!!
- O que é isso, Joriel? Pra quê tanto escândalo?
- Hein? O que? Como? Ainda estamos aqui? DEUS EXISTE!!! OBRIGADO!!!! OBRIGAAAAAADO!!! AAAAAAH!!!!!!
- Claro que estamos aqui. Aconteceu o óbvio!
- O que é óbvio que nem percebi?
- Uma folha tem dois lados. Estávamos na página 139. O que há atrás da página 139? A página 140. Acabei esquecendo disso.
- Então nossa história continua...
- ...até o fim dessa página. Depois, não tem mais jeito! Estaremos acabados!
- Talvez não, Tanton! Quem sabe há outras folhas pregadas junto a essa?
- Acho meio difícil. Em todo caso, vou lá embaixo olhar uma coisinha que está me intrigando. Já volto.
E, como mágica, lá se foi Tanton para o fim da história, para depois retornar pra cá, com algo em sua memória...
- É, não tem jeito. Lá está escrito FIM bem grande.
- Droga!
- É! Mas não deixei barato não! Falei uma frase com palavrão do lado dele, pra esses leitores largarem de ser bobos! Hahahahahah!!!
- Mesmo?
- Sim. Mas não deu pra falar tudo, senão o FIM me pegava.
- Espere aí, Tanton! Você lembrou de algo importante! Há leitores aí! Talvez eles possam nos ajudar, parando de ler isso! Assim, não teremos um FIM! Ei, leitor! Pare de ler, agora!! Pelo amor de Deus! Vá cuidar de sua vida!!! Salve-nos!!!
- Santa ingenuidade, Joriel! Até parece que ele vai parar de ler! Ele quer é que a gente se exploda, meu amigo! Tá doido pra ver o FIM disso tudo!
- Não! Eu ainda tenho esperanças! LEITOR! LEITOR!!! SALVE-NOS!!! PELO AMOR DE NOSSA SENHORA DOS SANTOS DO CÉU DE MARIA CRISTINA DE BENAVENTANA DOS ÚLTIMOS DIAS DA SANTA CEIA DA IMACULADA SANTÍSSIMA PEREGRINA DE SÃO SEBASTIÃO PADROEIRO DA ROMARIA DO APOCALIPSE!!!!
- Cara, você realmente está precisando de um tratamento! Primeiro, queria me matar, agora, na virada da página, voltou maluco!
- Leitor! Leitora! Parem!!! Vão fazer algo útil em suas vidas! Sabiam que várias pessoas morrem enquanto vocês lêem isso? Vão salvá-las!
O desespero de Joriel era visível, enquanto Tanto pensava em outro nível.
- Ora, ora, ora... mas é claro! – disse Tanton. – Como não pensei nisso antes?
- O que foi? Tenho mesmo razão? O leitor vai nos ajudar?
- Nada disso! Há outro ser na mesma situação que a gente aqui! Ele vai ter que nos ajudar, senão irá pro buraco junto! Não é, narrador???
De repente, os personagens começaram a falar comigo. Estariam pensando ser o narrador um amigo?
- Não se faça de besta!! Ajude-nos aqui! Você também está nessa barca furada!!
Tanton, não precisa gritar, não sei como posso lhe ajudar.
- Quem escreveu essa página?? Quem escreveu toda essa história??
Ninguém importante, apenas um escritor de bosta. Se quer seu nome, é Ciro M. Costa.
- Ei, leitor, aposto que já faz algum tempo que não vai ao banheiro...
- Quieto, Joriel! Estou negociando com o narrador. Amigo, há algum jeito de falar com esse escritorzinho medíocre e desleixado que deixas suas páginas por aí?
Não tenho mais contato com este ser desleixado. Só faço o que me pediu, quando fui contratado.
- Mas que droga! Ajude-nos, narrador! O FIM está próximo! Literalmente!
- Leitor, parece que ouvi um barulho aí do lado de fora. Não quer verificar? Esses ladrões hoje em dia estão abusados, viu?
- Narrador? Responda!
- Olha só, leitor, essa posição em que você está sentado provavelmente lhe trará sérios problemas de coluna. Vá caminhar um pouco.
- Narrador, não nos abandone!
- Sabiam que várias pessoas já morreram de combustão espontânea, enquanto estavam sentadas lendo alguma coisa?
- NARRADOR!!!!
- Leitores deveriam ler uma notícia, ou algo mais educativo, não essa baboseira que um tal de Ciro andou escrevendo. É o fim da picada, né? Hein? Fala pra mim! Fala aqui no meu ouvido! Fala que... hum.. espere aí... Fim? Tanton, você disse que viu o FIM lá embaixo??
- Sim, e ele está chegando mais perto!
- Ué!? Então essa era a última página do livro em que estávamos? Quer dizer que a coisa toda vai acabar de qualquer jeito?? Que podíamos ter elaborado um final decente??
- Talvez. Mas desconfio que seja outra coisa. Acho que fomos enganados.
- Por que?
- Não há mais tempo pra explicar, mas já vai saber. Adeus, Joriel!
- Bem, então... adeus, Tanton!
E assim termina essa história. A história de dois personagens sem sua vitória.
Pensavam fazer parte de uma página de livro qualquer. Mas nem desconfiaram de nada sequer.
Na verdade fizeram parte apenas de um conto. Um conto de duas páginas, e pronto!
Um conto que contou a história de dois rapazes, talvez loucos na medida. E que achavam fazer parte de uma grande história, já perdida.


- Mas que bela merdFIM

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O caso da Página 139

Arrancada de um dos livros de Ciro M. Costa



Quando o vento por vez acabou, uma folha de papel na sarjeta pousou. Tratava-se de uma página arrancada de um livro qualquer, sem se saber o motivo sequer. Se querem saber o que ali foi dito, basta ler o que foi abaixo escrito:

...então o guerreiro Joriel, com sua Espada Haryma, do guerreiro Tanton ficou acima. Estava prestes a vencer a batalha, Tanton finalmente ele mataria, mas esse último, o ato interromperia:
- Espere aí, Joriel! Dá um tempo aí, cara!
- Não, Tanton! Esperei muito tempo por esse momento!
- Peraí, benzinho! Olhe aquilo lá em cima!
- Não vejo nada, estou de costas pra lá!
- Pare aí!!! – então, de supetão, Joriel no ar Tanton jogou, e o mesmo foi pro chão.
- Droga! O que há?
- Lá! Está vendo?
- Não vem com essa! Está só adiando sua morte, Tanton!
- Tá, tá. Pode me matar, mas primeiro olha lá pra cima! Estou no chão, não posso fugir e nem te enganar, meu!
- Hum... está bem. Deixe-me ver... “quando o vento por sua vez acabou... página arrancada de um livro qualquer... basta ler o que foi abaixo...”. Ué, não vejo nada de mais!
- Leia de novo a parte da “página arrancada”!
- Hum... eu não sei o q... ESSA NÃO!!!
- Percebeu, né? Estamos fora da história, Joriel! Uma mera página arrancada! E agora, o que faremos?
- Ué!? E temos que fazer alguma coisa?
- É claro que sim, benzinho!!! Estamos no meio da história, assim que a página acabar, tudo se encerra!
- Bem, então vamos continuar de onde paramos. Eu te mato, e a história se conclui. Fim!
- Você só pode estar louco! Que eu me lembre, você é o vilão! Eu sou Tanton, o guerreiro imortal e herói! Não posso morrer!
- Certo. Primeiro, esse papo de “imortal” é uma besteira que você inventou. Segundo, nas histórias de hoje não existe mais essa de “o herói não pode morrer”. E, terceiro e último: como sabe se sou vilão e você é o herói, se não temos as páginas anteriores??
- Idiota! Eu sei disso, porque... porque o... o... o rei... o rei lá, como é que chama?
- Que rei?
- O rei lá, bobo! O nome dele... o... o coisinha lá, gente! Tá na ponta da língua...
- Que rei nada! Admita, Tanton, a única coisa que sabemos são nossos nomes, mesmo assim porque o narrador citou no início da página!
- Tá bom! Mas o que faremos agora? Já passamos da metade dela!
- É como disse: deixa eu te matar pra...
- Que matar o quêêê, chapinha!!! Sai dessa!!! Você tem problema, meu amigo!!! Vai se tratar, caaaara!!!
- Mas eu somente...
- Tenha santa paciência, Joriel! Vamos pensar aqui! O que faremos da vida depois que a página acabar?? Hein? Hã?
- E eu lá vou sab... espere! Já sei! Já sei! Vamos ficar aqui quietos, assim a história não se desenvolve.
- Boa idéia! Vamos ficar calados, assim não há mais linhas.
...
E por alguns segundos, mudos os guerreiros ficaram, enquanto no céu as estrelas brilharam.
- Ei!? – disse Joriel. – O que foi isso?
- Droga! É o narrador! Ele fala enquanto a gente fica quieto!!
- Nunca pensei que existisse narrador sacana.
- Sacana e fresco, pois quer narrar tudo rimado!
- Éééé... aí fica difícil! Só com essa frase dele e os “três pontinhos” lá em cima já foram mais de duas linhas! Aliás, pra quê serviram?
- Deve ser para dar uma idéia de pausa, ou sei lá! Isso não é importante agora! O final da folha já está quase chegando!
- Ai, Tanton! Estou ficando com medo!
- Ué, você não é o guerrerinho assassino??
- Não, não!! Eu não sei quem sou! Não sei o que fiz! Não sei o que vou fazer!! Quero sair daqui!!! Não quero mais ser personagem!!!
- É um pouco tarde pra isso, colega! Olha aí! Estamos no fim de uma história sem conclusão! Adeus, Joriel!
- Não! Não podemos acabar assim! Eu vou pegar minha espada e matar você!
- Agora é tarde. A página acabou.


SERÁ?? ESTEJA AQUI NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA!!!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O Diário de Ciro – Página 1.509 – A ‘chinela’ cantora

Da auto-biografia não autorizada de Ciro M. Costa




Depois que comecei a morar sozinho, percebi (depois de um certo tempo) que se não comprasse ou fizesse minha própria comida, passaria fome. Engraçado que antigamente não tinha que fazer isso, e a comida simplesmente aparecia na mesa! E, pasmem: pronta, com pratos e garfos!! É ou não é algo incrível? Pois é. Mas agora as coisas eram diferentes. Agora, se não tomo providência, apanho da vida.
Interessante como algumas palavras nos remetem certas imagens. A palavra APANHAR por exemplo, me lembra uma mulher zangada gritando e me dando chineladas a torto e a direito. Bons tempos aqueles, em que só apanhava de minha mãe (jamais pensei que fosse dizer isso)! Como diziam, a “chinela cantava bonito”! Hits como “por favor!”, “não fui eu!”, “socorro, ai, ai, ai!” e “prometo que não faço mais isso!” faziam parte do repertório de sucessos da tal chinela cantante.
E a coisa não era só comigo. César e Caio (meus irmãos mais novos) também adoravam entrar nessa dança. Revezávamos sempre: em um dia, apanhava Ciro. No outro, apanhavam Caio e César. No outro, Ciro e César. No outro, só Caio. No outro, Ciro e Caio... e assim por diante. Éramos bastante organizados.
Mas teve um dia em especial, há muito tempo atrás, em que apanhamos OS TRÊS. Sinceramente, não me lembro o que aprontamos, mas deve ter sido algo MUITO grave! Os três apanharem no mesmo dia, pelo mesmo motivo? Por Deus, espero que não tenhamos matado alguém! Não me lembro mesmo! Em minha mente a coisa começa com nós 3 correndo para o quintal. De repente sai da casa minha mãe e, vendo que não conseguiria nos alcançar e boa estrategista que era, gritou:
- Podem ficar aí! Uma hora vocês vão ter que entrar pra dentro! – (mães adoram redundâncias como “entra pra dentro!”, “sai pra fora” ou “vai apanhar pra doer!”.
Pois é, caros leitores. Assim começou um dos dias mais longos de minha vida. Passamos o dia inteiro do lado de fora, passando fome, sede e vontade de fazer necessidades... tudo para não ter que apanhar. Aqueles três irmãos amigos inimigos e fighteadores entre si, agora estavam unidos por uma única causa. E a dúvida cruel era: quem entraria primeiro, e quando?
Nem adiantava pensar que a mãe mudaria de idéia, ou que algum arrependimento surgisse de repente. A idéia de que só ficar do lado de fora esperando já era um castigo, então... esta já era descartada de cara. Afinal de contas, era preciso cumprir o prometido. E pobre de meus irmãos! Tive pena deles! Eu já estava acostumado com tais surras (pois sou o mais velho), mas e eles? Como ficaria o seu psicológico? Tive vontade de ir à frente e pedir para apanhar pelos dois.
Está bem! É mentira! Se um apanhasse, era justo que os outros dois também entrassem na dança! E ali ficamos do lado de fora, tentando decidir quando o pesadelo acabaria. Volta e meia minha mãe saía da casa, e já estávamos longe.
- Podem correr à vontade. Já disse que é inevitável!
Não desejo tal pressão psicológica nem pro meu pior inimigo. Estávamos tão abalados com aquilo, que ficamos bonzinhos uns com os outros, sempre com gentilezas, talvez pensando que aquilo amenizasse a situação.
Mas depois de 67 horas de sofrimento, o dia estava finalmente chegando ao fim. O sol começava a se pôr no horizonte, livre e de consciência tranqüila para ir onde quisesse, sem se preocupar em levar chineladas... enquanto estávamos lá, os três, tentando ainda decidir.
- Não adianta! Vamos acabar logo com isso!
- Então vai na frente!
- Já sei, vamos entrar os três juntos, assim ela fica indecisa!
- Não! Vamos entrar em grupos de dois.
- Mas se um grupo entrar de dois, sobra só um grupo de um!
- Então vamos um de cada vez.
- Não! Vamos tirar na sorte!
- Ah, quer saber? Eu vou acabar logo com isso!
E lá foi o mais corajoso dos três, Caio, o caçula. Na época o mais franzino, pensei que não iria sobreviver. Mas ele conseguiu. Confesso que não lembro se fiquei admirado ou com dó, quando ele entrou humildemente na sala (minha mãe deveria estar assistindo “A Gata Comeu”) e disse: “estou aqui!”.
Eu e César observamos por uma janela qualquer, mas sem ver nada. Só ouvimos que a coisa começou com vários “PLAFTS”, depois passou para os “AI, AI, AI”, e, por fim, acabou no choro. César que parecia estar concentrado em algo, de repente olhou para mim com os olhos aterrorizados, e disse:
- O Caio levou catorze chineladas!
Éééé... catorze! Ele contou, podem acreditar! Se ele pensou que todos levariam a mesma quantidade, ou se queria fazer uma média de chineladas dividida entre os três, ou se adorava matemática... não faço a mínima idéia! Aquilo não me interessava! Só temia que minha hora estava chegando!
E quando o dia finalmente estava sob penumbra, César decidiu ir também.
- Fazer o quê? – ele disse. – Não tem outro jeito!
Corajoso em segundo lugar. Não é a toa que é o ‘do meio’. Então ele entrou e pensei que fosse a última vez que o veria. Do lado de fora, também pude ouvi-lo se entregar:
- Mãe, estou aqui.
E mais “PLAFTS”, “AI, AI, AI” foram ouvidos. Mas César, bravo que era, não chorou. Simplesmente saiu da casa para me dizer:
- Levei sete!
Foi aí que comecei a me interessar pelos números. Pela lógica, se Caio levou 14 chineladas e César somente 7, então eu, com certeza, levaria somente uma! Não é assim que deveria funcionar?
Bom, devo dizer que mesmo assim, não queria me entregar. Fossem 1 ou 1000 chineladas, a coisa ia doer, pois minha mãe não era das que andavam com pantufas. A “chinela” era de uma borracha diferente... um material raríssimo que fazia barulho, esquentava e deixava marcas na pele.
É importante dizer que demorei mais que os outros, resisti bravamente até limite... mas também sucumbi. A mulher tinha razão, não havia escapatória. Era preciso entrar e fazer com que a vida continuasse, doe a quem doer. Entrei pela cozinha já escura, apareci na porta e, como um último soldado em terreno inimigo, me entreguei.
Segundo César, levei 3 chineladas.
Moral da história: Mães são mulheres muito fortes, violentas, cumprem o que falam. Mas são péssimas em Português e Matemática.